Bom Samaritano –
Parte 1
E eis que se levantou
um certo doutor da lei, tentando-O e dizendo: Mestre, que farei para herdar a
vida eterna? Lucas 10:25 (ver versos 30-37)
Com a
respiração suspensa, o grande público esperou a resposta de Jesus. [...]
Cristo, porém, o verdadeiro examinador do coração, entendeu as intenções e os
propósitos de Seus inimigos. Devolveu a questão ao doutor da lei que havia
feito a pergunta, dizendo: “Que está escrito na lei? Como lês?” (Lc 10:26).
[...] O doutor da lei respondeu: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu
entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo” (v. 27). [...]
O doutor da lei havia feito uma pergunta clara e categórica, e a resposta foi
igualmente clara e categórica. [...] Em Sua resposta à pergunta “Que está
escrito na Lei?”, Jesus passou por alto toda a multidão de preceitos
cerimoniais e rituais. A estes não deu importância, mas apresentou os dois
grandes princípios de que dependem toda a lei e os profetas, e, elogiando a
sabedoria do homem, disse: “Faze isso e viverás” (v. 28). [...]
A fim de responder à pergunta “Quem é o meu próximo?” (v. 29), Jesus apresentou
a parábola do bom samaritano. Sabia que os judeus incluíam apenas os de sua
nação sob o título de “próximo”, e desprezavam os gentios, chamando-os de cães,
incircuncisos, impuros e contaminados. Acima de todos os outros, menosprezavam
os samaritanos. [...] No entanto, Jesus disse: “Descia um homem de Jerusalém
para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e,
espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto” (v. 30). [...]
Estando ainda caído o sofredor, aproximou-se um sacerdote. Este, porém, mal
olhou para o homem ferido, e, por não querer se dar ao trabalho e assumir a
despesa de ajudá-lo, passou para o outro lado. Apareceu em seguida o levita.
Curioso de saber o que havia acontecido, deteve-se e contemplou a vítima, mas
não apresentou qualquer sentimento de compaixão que o despertasse a ajudar o
homem prestes a morrer. Preferiu eximir-se do trabalho e, julgando não ser de
sua responsabilidade, também passou de largo. Ambos estavam no ofício sagrado,
e alegavam conhecer e explicar as Escrituras. Educados na escola do fanatismo
social, haviam-se tornado egoístas, limitados e exclusivistas, e não sentiam
qualquer compaixão por alguém, a menos que pertencesse aos judeus. Ao olhar
para o homem ferido, não podiam dizer se pertencia à sua nação. Pensaram que
talvez fosse samaritano e se afastaram (Signs of the Times, 16 de julho de
1894).